Murmurando as gotas de chuva saturam a grama do quintal, pingando na pequena escada de madeira do alpendre, dentro de suas rachaduras, descascando os cachos da tinta verde lascada da cerca.
Uma brisa fria e sussurrante ergue os braços de Simone. Ela coloca a caneca vazia de café no balcão de plástico pequeno e manchado e parece ouvir. As vozes estão de volta, oscilando dentro de sua cabeça, agarrando-se e infectando seus pensamentos pulsantes, tão exasperados e urgentes quanto nunca antes. Apenas uma opção fácil e libertadora.
O problema está em falta e precisa ser removido. Simone merece felicidade. Ninguém vai sentir falta de tal indivíduo. A jovem abre lentamente a primeira gaveta, a que contém os talheres, as lâminas brilhantes a saúdam do fundo, parecendo mais nítidas quando as luzes piscam a cada fito do vento lá fora.
Simone sorri, pega uma faca que combina com seu sorriso e caminha lentamente descalça sobre os frios azulejos marrons escuros, a bainha do jeans dela os roçando. Ela chega ao sofá onde a coisa está sentada, afundando nos travesseiros, tornando-se um com o couro de pervinca da mobília. Mais um passo, e os gritos acabarão para sempre. Apenas um passo e ninguém vai traí-la mais…
Um colar novo e estranho na garganta salpica flores vermelhas e escarlates na camisa do marido de Simone. A faca faz barulho no chão, espalhando contas de rubi ao redor. O fardo se foi. Simone não se incomoda em evitar a poça vermelha, densa e vermelha...
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