Eu gostaria de não ter feito um desejo

Isso foi minha culpa, tudo culpa minha. Eu era estúpida, sem graça e desesperada.

Você vê 3 meses atrás eu perdi o amor da minha vida. Ela foi arrancada de mim um mês antes de nos casarmos. Ela era minha melhor amiga. Eu me desliguei da minha família e amigos, parei de ir trabalhar. Qual era o ponto em viver se eu tivesse que viver sem ela? Ou então eu pensei.

Certa noite, quando tive muitas oportunidades, abri meu laptop e procurei como conseguir que um ente querido voltasse da morte, pois eu disse que estava desesperado e bêbado. De qualquer forma eu cliquei em site após site, bate-papo depois de bate-papo, mas tudo que eu consegui foi o mesmo mumbo jumbo.

Na manhã seguinte, acordei no sofá cercado por latas de cerveja vazias. O cheiro de cerveja velha agrediu meus sentidos fazendo-me correr para o banheiro antes de me lançar.

Eu afundei no sofá e joguei a TV sem pensar. Meu celular tocou, era o facebook. Alguém me enviou um pedido de amizade. Eu apaguei sem nem olhar para ele. Ele zumbiu de novo, outro pedido de amizade. Eu não tinha interesse em amigos, então eu deletei mais uma vez.

Alguns minutos depois, ele zumbiu novamente. A curiosidade levou a melhor sobre mim desta vez. Quem queria ser amigo de mim tão mal.

Era de alguém chamado Ifrit. Eu não tinha ideia de que ele era, mas ele enviou vários pedidos cada um com uma mensagem. Eu posso ajudar. Uma lembrança voltou para mim da noite passada, deve ter sido alguém com quem eu estava conversando em uma das conversas. Eu cliquei em aceitar.

Instantaneamente recebi outra mensagem. Ele me disse que poderia tirar a minha dor, me fazer completo novamente. Basicamente tudo que eu queria ouvir. Eu derramei minha alma. Eu disse a ele que queria não estar sozinha.

A próxima coisa que eu sei é que havia uma mão no meu ombro. Eu pulei do meu sofá e me virei para encontrar minha noiva morta, Lucy. Seus braços se estendiam para mim chamando-me para ela. Lágrimas brotaram nos meus olhos, meu coração começou a acelerar, meus pés reagiram antes de minha cabeça se recuperar. Eu a segurei firme, com medo de me mover, caso isso fosse um truque cruel da minha mente.

Não foi um truque. Eu posso senti-la, vê-la cheirando ela, mas ninguém mais pode. Eu pensei que era uma bênção no começo. Passamos horas e horas nos braços um do outro. Comecei a me sentir melhor, mais eu mesmo. Eu me reconectei com o mundo que eu tinha fechado.

Foi quando as coisas mudaram. Kerry era minha melhor amiga. Eu não tinha contado a ninguém sobre Lucy que eles me trancariam. Kerry apareceu com presentes. Ela tinha feito meus brownies de chocolate triplos favoritos. Eu conhecia Kerry desde que éramos crianças. Lucy sempre teve um pouco de inveja dela, apesar de nunca ter havido nada entre nós. Eu senti isso imediatamente. A sala ficou fria. Estou falando tão frio que podemos ver nossa respiração. Lá fora o sol estava dividindo as árvores. Eu consegui rir disso como um termostato quebrado. Quando estávamos conversando, senti-me mais viva do que em meses mais, mesmo quando Lucy voltou para mim. Eu podia ver Lucy pelo canto do meu olho, ela parecia zangada e chateada com o quanto mais brincávamos e ríamos. Foi quando ela mandou a bandeja de brownies voando da mesa derramando sobre o tapete. Se fosse tudo o que ela fez, eu poderia ter conseguido dizer que a coloquei na borda da mesa, mas livros começaram a sair do meu estojo de livros. Agarrei a mão de Kerry e corri para a porta, objetos aleatórios colidiam com a gente e acertou Kerry na cabeça, fazendo a sobrancelha sangrar. Eu podia ouvir Lucy rindo atrás de nós. Assim que saímos do apartamento eu disse um adeus muito hostil e pedi desculpas profusamente antes de tomar cuidado com tudo que estava entrando. Estava estranhamente quieto. Livros, bugigangas e fotos cobriam meu chão. Quanto mais para o meu apartamento eu tenho o mais frio que tem. Um odor hediondo atingiu minhas narinas me fazendo engasgar. Foi quando eu vi a Lucy.

Ela estava decaindo na minha frente, suas roupas estavam esfarrapadas como se pequenos animais tivessem chegado até elas. Partes da carne e mexilhões no rosto se foram expondo seu crânio. Foi quando percebi que o cheiro estava vindo dela.

Eu tentei sair, mas ela me segue em todos os lugares, exceto que agora todos podem sentir o cheiro dela. Então eu não saio mais de casa. Ela não vai embora. Eu tentei entrar em contato com a Ifrit, mas não obtive resposta. Eu sinto que estou ficando pior do que quando ela morreu pela primeira vez.

Por favor alguém, alguém eu preciso de ajuda.

0 comments:

Postar um comentário

Seu comentário é importante e muito bem vindo. Só pedimos que evitem:

- Xingamentos ou ofensas gratuitas;
- Comentários Racistas ou xenófobos;
- Spam;
- Publicar refêrencias e links de pornografia;
- Desrespeitar o autor da postagem ou outro visitante;
- Comentários que nada tenham a ver com a postagem.

Removeremos quaisquer comentários que se enquadrem nessas condições.

De prefêrencia, comentem de forma anônima

 
 

Conscientizações

Conscientizações
Powered By Blogger

Obra protegida por direitos autorais

Licença Creative Commons
TREVAS SANGRENTAS está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.

Sobre o conteúdo do blog

TREVAS SANGRENTAS não é um blog infantil, portanto não é recomendado para menores de 12 anos. Algumas histórias possui conteúdo inapropriado para menores de 14 anos tais como: histórias perturbadoras, sangue,fantasmas,demônios e que simulam a morte..