Do invisível

A brisa úmida e pesada se agarrava ao meu sobretudo enquanto eu caminhava entre as ruas de paralelepípedos de São Paulo. Uma pequena saída de pesca, mas esquecida pelas suas vistas vizinhas e cidades. Até me atrevo a dizer que o próprio sol esqueceu esse vestígio de vida à beira-mar.

Eu vim para cá como um santuário para correr e, sem nenhuma esperança, escapar do que se esconde nos corpos maiores de nossa coleção humana. Muito parecido com as teias de aranha que você deixa sempre tão presente, mas a centímetros de sua visão. Mas mais semelhante a essas teias é a coleção de imundície que essas criaturas fornecem, se eu tiver que explicar, você deve sentar e digerir sem o seu maior preconceito materialista.

Pois a história sobre a qual estou prestes a embarcar não é deste mundo, temo que apenas os trechos da imaginação de alguém possam ter esperança de entender. Uma vez eu não compreendi a presença deles.

Foi uma noite quente, embora bastante clara. Eu estava tropeçando em um distrito de mercado, não muito longe de onde eu morava. Parei para falar com William Morheim. Ele era dono da banca de peixe e eu o conhecia há muito tempo. Ele nunca foi de influências externas, muito transparente com pouco em seu nome. Com o alvorecer agora se voltando para a noite e a noite avançando. Eu decidi começar em casa, fazendo o meu caminho do mercado. Enquanto eu progredia, o cheiro mais pútrido começou a assaltar meus sentidos, o que é mais estranho, considerando que eu estava me afastando do mercado. O cheiro só começou a crescer em força, tornou-se uma nuvem espessa envolvendo meu ser e imaginação.

Recusando-se a soltar seu novo aperto. Fiquei preocupado e frenético. O que esse cheiro poderia ser? Eu não tinha visto nada por aí. Então lá estava, como se quisesse ser. Somente para se permitir entender o ataque aos sentidos, ele nunca se afastou dos limites da escuridão. Parecia brincar com a realidade, as lâmpadas de rua lambiam sua figura magra e encurvada. Emitiu o cheiro mais pungente de podridão e fungos. Os olhos eram de um branco leitoso, e ele emitia um som triste, muito parecido com o de um suporte fraco. Ele, como só posso supor que era um homem para sua figura era grande em postura, era apenas um crescimento. Agarrando-se a sua existência idiota. Sua presença parecia corromper e infestar a fama em que sua pálida pele opaca se estendia. Ele então rastejou, inflexível no beco.

Eu me sentindo mal, corri rapidamente para a minha casa. Fechei a porta e bebi até cair sem graça nos braços de descanso. Naquela noite sonhei com uma terra subterrânea, uma tão vasta que cobriria as estrelas e envolveria o sol. O cheiro continha a presença de algo inumano de origem. Água tão espessa que pingava das paredes projetando-se daquela habitação desconhecida. Grandes sacos bulbosos se agarravam à margem do meu pequeno oásis na ilha. Eu, trabalhada com delírio, esforcei-me para frente.

Chamado por alguma força desconhecida. Cheguei à beira da água. Recebido apenas pela pulsação agressiva dos sacos alienígenas. E o cheiro, aquele de onde aquela criatura tão facilmente veio. O que eu vi foi um horror apenas descritível pelos medos mais profundos. As léguas sob a grossa e pegajosa água eram uma massa tão grande em tamanho que vislumbrei apenas uma porção. Não parecia de origem bíblica ou mítica. Mas de algo anterior ao homem, algo nascido de um vasto desconhecido. Por todo esse horror, nadava o ser que eu havia visto antes, só havia centenas lambendo as massas como se fossem carne. Essa visão rasga minha sanidade. Que pequenas cadeias de realidade são tensas, o peso sendo apenas a sensação de medo que penetra profundamente nas profundezas. Se eu não temesse o retorno de uma realidade tão perdida, certamente teria sucumbido à ideia de acabar com minha débil realidade. Pela primeira vez, meu ser voltou para a casa da arquitetura humana. Eu não pude escapar da visão e sussurros que tinham viajado em minha mente, de volta a uma existência na qual eles não pertenciam. Como um hóspede indesejável, sua vontade atravessou minha mente, sentindo e comendo toda a minha alegria.

É força indescritível batendo na minha realidade, como se fosse quebrá-lo como vidro contra o chão. E assim fugi, longe de qualquer grande fonte de população. Eu me encontro aqui, ao longo desta costa rochosa. Atormentado e tenso pelos sussurros enlouquecedores daquela grande besta subterrânea. Ele trabalha para reivindicar a mente, mas também a realidade. Ele é uma doença que infecta e que não podemos ver, e muito parecido com as teias de aranha, ele se mantém fora de vista. 

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